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"Pesquise como um detetive, escreva como um advogado"

Essa frase é genial e foi dita pela autora do livro que utilizamos como base do Programa de Acompanhamento.


É que existe um erro comum e silencioso que atravessa anos de formação acadêmica: a ideia de que escrever bem é acumular autores. Muita gente entra na pós-graduação acreditando que o prestígio de um texto está no número de citações que carrega ou na quantidade de referências. Mas a escrita acadêmica não é uma exposição de troféus intelectuais. Ela é uma construção argumentativa, esse é o gênero da escrita. E, como toda boa construção, precisa de alicerce, coerência e intenção.


A primeira tarefa de quem pesquisa não é encontrar respostas, mas localizar problemas. E essa atitude investigativa exige o olhar de um detetive. O detetive não se contenta com o que é dito de forma explícita. Ele interroga, observa silêncios, analisa contradições. Ele cruza versões, testa hipóteses, abandona as que não se sustentam, volta atrás quando percebe que uma pista era falsa. Um bom pesquisador faz o mesmo com a literatura: em vez de apenas resumi-la, ele a interroga. Em vez de repetir o que já se sabe, ele busca o que ainda não foi resolvido.


Só que de nada adianta esse trabalho investigativo se, ao escrever, o pesquisador não assume a postura de quem precisa defender uma tese (entende por que o verbo DEFENDER?). Um advogado não entrega todas as provas de uma vez, mas constrói um caso. Escolhe a ordem dos fatos, a forma de apresentá-los, o vocabulário com que pretende convencer.


A escrita acadêmica, nesse sentido, não é neutra nem automática: é uma forma de intervenção no mundo. Um artigo ou uma tese não dizem apenas “eu estudei esse tema”; dizem “esta é a minha leitura de mundo, e aqui estão meus fundamentos para sustentá-la”.


O que muita gente chama de “má escrita” na pós-graduação, na verdade, é ausência de argumentação. São textos descritivos, que empilham dados e referências sem articulação entre elas. São capítulos inteiros que dizem o que os outros autores afirmaram, mas não posicionam o sujeito que escreve. É uma escrita que não assume risco, nem autoria. É o tal do "debruçar-se nos ombros de outros autores". E que, por isso mesmo, não convence. Um bom texto acadêmico não é aquele que resume tudo o que já foi dito. É aquele que se posiciona diante do que já foi dito e apresenta, com clareza, o que pretende mover, refutar, ampliar ou evidenciar.


No Acadêmicos Anônimos, nós não tratamos a escrita como dom, inspiração ou talento. Nós tratamos como método, treino e domínio técnico. Em nossas aulas sobre argumentação, você aprende a estruturar parágrafos como quem constrói uma ponte entre dados, ideias e posicionamentos. Aprende inclusive que argumentar não é tão difícil quanto parece, e que você pode até mesmo testar o seu texto e saber se a sua argumentação está bem construída.


Se escrever academicamente tem sid

o um esforço solitário, confuso ou infrutífero, saiba que não é culpa sua. Talvez só falte um espaço onde a escrita seja tratada com o respeito e o pragmatismo que ela merece. Aqui no AA, a gente te mostra como fazer isso. Assine.

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