
A Cintia faz parte da equipe do AA, e nas sessões de trabalho coletivo do meio-dia ela terminou um documento (também conhecido como "tese" =P), requisito obrigatório que a levou ao título de Doutora em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS, campus Campo Grande. A sua pesquisa foi sobre a violência estrutural como uma ameaça contínua à emancipação humana.
Um detalhe importante aqui: a Cintia desenvolveu a pesquisa em apenas dois anos. Mas isso não significa que ela adiantou a defesa, não: "troquei de orientação no 2º ano do doutorado e precisei começar a pesquisa do ZERO. Não pedi prorrogação, defendi no tempo esperado pela CAPES".
Agora, pergunto para a Cintia a pergunta de milhões: "Qual foi teu problema de pesquisa?"
Como a violência estrutural opera simultaneamente como ameaça à emancipação humana e como possibilidade de ruptura, a partir das perspectivas de Theodor W. Adorno e Frantz Fanon.
Entre o pré-projeto e a tese, algumas coisas mudaram. A principal delas foi a delimitação mais precisa do conceito de violência que ela estava investigando: "No início, minha proposta já apontava para a relação entre vítima, agressor, Adorno e Fanon, mas sem uma definição clara sobre qual tipo de violência estava em foco". Esse processo de refinamento aconteceu ao longo da pesquisa, especialmente na fase de qualificação, quando Cintia tentou explorar diferentes possibilidades para definir melhor seu objeto. Após a qualificação, conseguiu consolidar a violência estrutural como o eixo central da análise e retomar a proposta original com mais robustez teórica e metodológica. "Esse amadurecimento me permitiu construir a 'dialética das encruzilhadas' de forma mais clara e fundamentada. Que é minha sustentação metodológica".
Banca de 6 horas e 8 membros
Banca internacional, vários fusos e um orientador muito bem relacionado e que gosta de internacionalização. A banca da Cintia tinha quatro membros do exterior (Portugal, Argentina e Chile) e quatro brasileiros (UFSC, UNESP e UFMS). "Aí é muito gente para falar e a arguição foi individual, cada professor fez uma fala e questões e eu defendia após a fala de cada um", complementa Cintia.
As perguntas da banca foram as mais variadas possíveis, desde questões teóricas e metodológicas até a aplicabilidade da pesquisa: "houve questionamentos sobre as escolhas teóricas, metodológicas e conceituais, como por que optei por determinados autores e conceitos e não por outros. Também fui questionada sobre o significado dos conceitos que utilizei e por que alguns deles não estavam suficientemente explicados no texto. Perguntaram sobre a aplicabilidade da pesquisa no meu trabalho e qual problema educacional ela resolve, até de como a minha pesquisa contribui para o projeto do meu orientador e se eu tive escolhas ou tive que fazer a pesquisa dele".
Pergunto para a Cintia com ela conseguiu seguir tão plena até o final (quem é anônimer, sabe): "a qualificação me desestruturou bastante, revivi muitos traumas guardados, chorei muito, na frente da banca inclusive, e na defesa eu vinha trabalhando a mente, aplicando as técnicas de respiração da Adri, eu venho fazendo os exercícios do grupo de meditação e muitos deles me fizeram pensar nesse dia e como reagir a ele. Na primeira fala eu só respirava fundo e jogava energia para minha mente, concentradíssima. Passei dias ensaiando a minha fala para me sentir segura do que falar e de quais pontos eu gostaria de enfatizar. Tive 30 minutos para falar o que passei 2 anos construindo, né? Respiração, pensamento positivo, escuta ativa para responder a banca, sabendo das limitações do texto e acolhendo a Cintia que fez o melhor que pôde, e funcionou".
Como você está se sentindo agora, que a banca passou?
"Aliviadaaaaaaaaa! CHEGUEI BRASIL... CHEGUEI!!! Feliz por ter chegado tão longe, de ter finalizado uma etapa que foi muito cruel comigo, e da possibilidade de poder seguir com outros projetos, é muito tempo presa. Me sinto livre".
A defesa não é apenas um evento acadêmico. Ela é o ápice de uma jornada longa, exaustiva e profundamente transformadora. No caso da Cintia, foi a concretização de um percurso que envolveu mudanças de orientação, refinamento de conceitos, resiliência emocional e uma banca que exigiu concentração absoluta. A Cintia não apenas sustentou seu trabalho diante da banca, mas também sustentou a si mesma, com técnica, preparo e um entendimento profundo do que havia construído. E agora? Agora ela respira. Agora ela segue.
Se você está no meio dessa jornada e sente que o fim parece impossível, lembre-se: cada página escrita é um passo, cada dia estudado é um avanço, cada revisão te leva mais perto. Você não precisa atravessar isso sozinho. O AA está aqui para lembrar que, no fim, você também vai chegar lá.
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